terça-feira, 30 de junho de 2015

Moscas rejeitadas pelas fêmeas tomam álcool para esquecerem a decepção, diz pesquisa

Superar a perda de um grande amor não é fácil para ninguém, algumas pessoas na tentativa de fugir do problema, preferem afogar as mágoas nas mesas de um bar.
Parece que esse comportamento não é único dos seres humanos; cientistas do Departamento de Anatomia da Universidade da Califórnia fizeram testes em moscas-de-frutas (Drosophila melanogaster) e observaram que quando rejeitadas pelo sexo oposto elas utilizam do sistema de recompensa do cérebro, usando álcool e consumindo comida para compensarem a rejeição.
O experimento foi dividido em dois grupos. No primeiro, machos insaciáveis foram colocados junto com fêmeas relutantes, que haviam acabado de copular. Fizeram isso diversas vezes, foram sessões de rejeições de 1h, três vezes no dia, durante quatro dias. Enquanto o outro grupo, machos tiveram sessões de 6h de acasalamento com múltiplas virgens, durante quatro dias também.
Depois, foi oferecido aos dois grupos porções de ração, sem álcool ou com 15% de etanol. O resultado foi determinante: os machos que não tiveram relação sexual apresentaram índice de preferência por etanol significativamente maior que o grupo que havia acasalado. As fêmeas que copularam também tiveram uma menor necessidade de ingerir etanol, comparada com as fêmeas que não haviam se relacionado.
Analisando outro experimento no qual os machos que não haviam copulado, mas agora colocados com moscas fêmeas virgens e disponíveis, foi observado que o consumo de etanol diminui. Tornando a “privação sexual” o fator determinante para a ingestão de mais ou menos álcool.
Vale ressaltar que a rejeição deixa sequelas nas moscas que foram rejeitadas diversas vezes. Elas ficaram mais sensíveis e com dificuldade de se aproximar, mesmo de fêmeas virgens.
Esta pesquisa ajuda a entender como funciona o sistema de compensação do cérebro dos mamíferos, uma vez que estudaram o comportamento do Neuropeptídio F(NPF) nas Drosophilas.
Estas proteínas são semelhantes aos do NPY dos mamíferos. Pesquisadores já sabiam que o NPY é responsável por atuar no papel de recompensa de açúcar, atuando na alimentação, ansiedade, estresse, sono, motivação sexual e consumo de etanol.
Fonte: ScienceMag / Jornal Ciência Foto: Reprodução / WikipédiaCommons

INSETO DO DIA!

Coptotermes formosanus

ORDEM: ISOPTERA

Pertence a família Termitidae.



segunda-feira, 29 de junho de 2015

Implante feito com fios do bicho-da-seda poderia salvar joelhos com artrite, de acordo com pesquisadores


Pode parecer um material extremamente delicado e frágil, mas implantes feitos a partir de fios do bicho-da-seda estão sendo usados ​​por cirurgiões para reparar articulações de joelhos danificadas.

O fio, na verdade, é 25 vezes mais forte que o aço de alta resistência e oferece aos cirurgiões outra ferramenta na batalha contra o desgaste causado pela osteoartrite, uma condição que leva à erosão da cartilagem que reveste as articulações. Este tecido liso é essencial para o movimento suave e qualquer dano pode desencadear dores, inflamação, e perda de mobilidade. Ao oferecer o tratamento como uma "intervenção precoce", cirurgiões esperam reparar articulações antes de danos irreversíveis ocorrerem.

Na Inglaterra, por exemplo, mais de 90 mil britânicos, por ano, realizam cirurgia nos joelhos devido a artrite, principalmente por recorrência da falta de atividades físicas regulares e aumento da obesidade. Até agora, a única opção disponível era a implantação de tecido retirado de outro local no corpo do paciente ou de um dador, em áreas do joelho, para reparar os danos. Mas uma empresa, endossada pela Universidade de Oxford, tem utilizado "cartilagem" feita a partir de proteínas da seda, chamadas fibroínas, para realizar o procedimento de substituição de tecido.

A linha é colhida de casulos de 30 milímetros de comprimento, de bichos-da-seda, cultivados em fazendas. É processada no laboratório da Oxfordshire, onde a fibroína é extraída das fibras de seda - idênticas às encontrados na indústria têxtil - e ligada com partículas de água. Quando concluídos, os implantes são compostos por 15% fibroína e 85% água. O material resultante é forte, semelhante a borracha que pode ser moldada como cartilagem, e cortado para se ajustar a joelhos individuais.

Ashley Blom, cirurgião ortopédico, ainda possui receio de realizar cirurgias completas de joelhos desgastados em pessoas com menos de 60 anos, pois o desgaste cirúrgico também pode ser grande. Ele está prestes a fazer um implante com a seda nas próximas semanas, mas ainda tem um dilema. "Nós temos muitas pessoas jovens com problemas no joelho devido a cartilagens desgastadas ou rasgadas que sofrem e não podem levar uma vida plenamente ativa”, disse.

“Tentamos fazer o nosso melhor para eles, tirando a cartilagem que não pode ser salva e preservando o resto, mas eles, muitas vezes, têm que lidar com a diminuição da mobilidade e aparecimento precoce de osteoartrite", disse Nick Skaer, executivo-chefe da Orthox Implantes, a empresa por trás da nova tecnologia.

O objetivo principal da empresa é ajudar as vítimas mais jovens de danos no joelho. "Queremos ajudar as pessoas que sofreram uma lesão esportiva em seus 20 anos e desenvolveram artrite precoce. O implante pode ajudar a prevenir a articulação do joelho da deterioração, reparando a cartilagem em primeiro lugar. Dessa forma, podemos esperançosamente evitar completamente a necessidade de cirurgia de substituição completa do joelho”, relatou.

O primeiro teste envolverá a cartilagem do menisco, conhecido como o "amortecedor" do joelho. Ela fica no topo da tíbia e pode ser rasgada durante a atividade desportiva, às vezes, exigindo sua remoção cirúrgica, causando instabilidade e complicações, incluindo lesão da cartilagem articular e tecido liso, que cobre a extremidade inferior do osso da coxa, podendo acelerar a osteoartrite. Um segundo implante já foi projetado para substituir essa cartilagem articular, e experimentos irão definir os pontos meniscais afetados.

O procedimento é realizado através de um buraco e os pacientes estariam aptos para realizar suas atividades normais dentro de semanas. Blom está esperançoso de que os implantes de cartilagem do bicho-da-seda irão reduzir o número de operações de implante de joelho. "A recuperação da operação de substituição pode levar entre seis meses e um ano, e os pacientes frequentemente enfrentam complicações. Se for bem sucedido, os implantes poderiam reduzir os gastos do Sistema Nacional de Saúde por reparar a cartilagem antes da osteoartrite progredir e haver a necessidade de uma substituição do joelho”, relatou.

O número de operações de substituição do joelho devem aumentar em cinco vezes nos próximos 15 anos. Após o teste - que termina no próximo ano - o implante pode ser oferecido rotineiramente em cerca de dois anos. "Todos os nossos resultados de laboratório têm sido bons e estamos extremamente otimistas e termos encontrado uma solução que funciona", finaliza Skaer.

Fonte: DailyMail Foto: Reprodução / DailyMail

INSETO DO DIA!

Bombyx mori

ORDEM: LEPIDOPTERA

Na fase larval, essa mariposa produz fios de seda, por isso é conhecida popularmente como bicho-da-seda.




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domingo, 28 de junho de 2015

sábado, 27 de junho de 2015

Universidade baiana reproduz joaninhas em laboratório para combater pragas

Joaninha pousa em uma folha de árvore de toranja

Pesquisadores da Uneb (Universidade do Estado da Bahia) estudam a reprodução de joaninhas em laboratório para ajudar no controle de pragas que atacam lavouras do Norte da Bahia.

Um estudo pioneiro realizado na cidade de Juazeiro, no Vale do São Francisco, buscou a melhor dieta para a reprodução de insetos da espécie Hippodamia Convergens, predadora natural de pulgões e cochonilhas. A partir do segundo semestre, a universidade deve dar início a uma biofábrica de predadores naturais de pragas que serão fornecidos a pequenos produtores locais. 

De acordo com a mestranda Girlandia Miranda de Sousa, o experimento mostrou que a existência de joaninhas em consórcios de couve, durante a fase de infestação de pulgões, pode ser visto como um fator preponderante para a redução de danos causados por pragas às culturas. "A conservação de inimigos naturais é uma das práticas mais importantes e disponíveis de controle biológico, porque podem estabelecer um equilíbrio natural entre pragas e inimigos naturais", afirmou.

Girlandia investigou em sua pesquisa as melhores dietas para garantir a multiplicação em laboratório das joaninhas. Segundo seu orientador, o professor de entomologia José Osmã Teles, o objetivo era ajudar a solucionar um problema que afeta agricultores da região e evitar o uso de agrotóxicos. 

"A ideia é que a gente consiga multiplicar o maior número de joaninhas em laboratório para que seja levada para o pequeno produtor, com a finalidade de controlar pragas de forma natural, ao invés de aplicar inseticidas ou acaricidas. Daí a importância dessa pesquisa porque, com ela, a gente conseguiu esclarecer uma série de dúvidas sobre a maneira de multiplicar esses predadores", finalizou.


Joaninha em flores de erva doce no campo experimental da Uneb (Universidade do Estado da Bahia) (Divulgação/Sheila Feitosa - DTCS)

Produção em escala

A partir do segundo semestre de 2015, o Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais da Uneb deve dar início a uma biofábrica para a multiplicação de insetos e ácaros predadores com uma equipe composta por cinco estudantes do curso de Engenharia Agronômica.

A pesquisa vai trabalhar com o processo de produção de três grupos de inimigos naturais: a joaninha da espécie Hippodamia convergens; duas espécies de bicho lixeiro que sãoChrysopela externa e Leucochrysa rodrigueses; e dois tipos de ácaros predadores, os Neoseiulus idaeus e Euseius citrifolius.



Saiba por que as abelhas podem ajudar no combate às drogas

Cientistas alemães treinaram abelhas para detectar o odor de cocaína e heroína. Suas antenas são melhores que qualquer sensor artificial

As abelhas vibram suas antenas em contato com os odores das drogas, sendo fortes candidatas a ajudar ou substituir cães farejadores(Thinkstock/VEJA)

Abelhas treinadas podem reconhecer os odores de drogas como heroína e cocaína e serem uma alternativa mais barata no controle de narcóticos. Cientistas da Universidade de Giessen, na Alemanha, mostraram que os insetos têm sensibilidade a essas substâncias e podem complementar ou mesmo substituir o trabalho dos cães farejadores. A pesquisa com a descrição dos testes foi publicada na última quarta-feira (17) no periódico Plos One.

A proposta de treinar insetos para o combate de droga existe há alguns anos, pois os cientistas sabem que as antenas desses animais são poderosos sensores para a detecção de elementos voláteis. As moléculas de odor interagem com órgãos sensoriais localizados nas antenas e tornam os insetos melhores e mais sensíveis do que qualquer detector artificial.

Assim, os cientistas resolveram testar as respostas de insetos como abelhas e baratas ao serem expostas a odores das drogas (heroína, cocaína, anfetamina e maconha) e, com a ajuda de um aparelho, mediram as vibrações das antenas. O experimento foi feito com as substâncias puras, misturadas e também amostras diluídas.

Custo menor - Durante os testes os cientistas observaram que abelhas mostraram vibrações quando em contato com os odores de cocaína e heroína. Os animais também foram bem sucedidos nos treinos para a detecção dos odores mesmo quando bastante diluídos, mostrando que podem ser fortes candidatos a substituir cães farejadores. Isso porque o custo do treinamento das abelhas é menor, demora menos e os insetos seriam mais discretos na hora da busca. Ainda assim, os cientistas afirmam que estudos mais profundos são necessários.

A capacidade de percepção a drogas varia entre as espécies. As baratas, por exemplo, mostraram sensibilidade à anfetamina e cafeína.

Fonte: Veja

INSETO DO DIA!

Apis mellifera

ORDEM: HYMENOPTERA

Um dos mais importantes ou o mais importante inseto responsável pela polinização!



sexta-feira, 26 de junho de 2015

As formigas prateadas capazes de resistir a temperaturas de 70ºC

No deserto do Saara, formigas saem para buscar alimento nas temperaturas mais altas do dia para fugir de predadores; cientistas explicam 'adaptação' da espécie à região.

Formigas do deserto são capazes de sobreviver a temperaturas superiores a 70°C (Foto: Norman Nan Shi y Nanfang Yu Columbia Engineering/BBC)

A primeira vista, elas parecem gotas de mercúrio deslizando lentamente sobre a areia.

Mas esses pontos pequenos e brilhantes que podem ser vistos nas horas mais quentes no deserto do Saara são, na realidade, formigas prateadas.

E o que elas estão fazendo passeando pelas dunas no momento em que os raios de sol estão tão fortes que fazem a temperatura do solo de areia chegar aos 70°C?

Saem para buscar alimentos. E fazem isso precisamente nessas horas para evitar o ataque de predadores.

Insetos assim não costumam sobreviver quando a temperatura corporal supera os 53,6 °C, mas essas formigas conseguem se manter vivas graças a um mecanismo engenhoso que permite que elas permaneçam "frescas", como descobriu uma equipe internacional de cientistas. O resultado da investigação foi publicado na revista científica "Science".

Pelos
Formiga prateada do Saara 'se adaptou' ao ambiente para sobreviver, dizem cientistas (Foto: Norman Nan Shi y Nanfang Yu Columbia Engineering/BBC)

O segredo, explicam os cientistas, está na estrutura e organização singular dos pelos das formigas, que permite que elas controlem o espectro solar e reduzam sua temperatura corporal.

Por um lado, o revestimento prateado dos pelos serve para refletir os raios de sol para fora. E por outro, essa cobertura ajuda a formiga na hora de disseminar seu próprio calor interno para o ar mais fresco que a rodeia.

"Nos demos conta que esses efeitos se ajudam entre si", analisou Nanfang Yu, professor de Física Aplicada da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, e autor principal do estudo.

Formiga prateada do Saara "se adaptou" ao ambiente para sobreviver, dizem cientistas.

A combinação desses processos faz com que a temperatura da formiga prateada do Saara não supere os 50°C.

Os pelos dessas formigas têm uma forma triangular. Em vez de crescer para cima, no momento que alcançam certa altura, giram a um ângulo de 90° para ficar numa posição paralela à pele
.
O espaço gerado entre o pelo e a pele facilita o processo de refrigeração.

Inspiração

Na opinião de Yu, "esse é um exemplo claro de como a evolução estimulou a adaptação de atributos físicos para que possam cumprir uma função fisiológica que garantisse a sobrevivência. Nesse caso, evitar que as formigas prateadas do Saara ficassem mais quentes do que podiam."

Os cientistas acreditam que esse conhecimento pode ser aplicado para desenhar superfícies de refrigeração para veículos, edifícios, instrumentos e roupa.

O próximo passo será estender o estudo a outros animais e organismos que habitam ambientes extremos para analisar que tipo de estratégias essas criaturas adotam para viver em condições tão adversas.

"Conhecer e entender o conceito desses projetos naturais aprofunda nossa compreensão dos sistemas biológico complexos e nos inspira para criar tecnologias novas", conclui o investigador.

Fonte: BBC

Cientistas estão fazendo mariposas machos tornarem-se “gays” para impedir reprodução e depósito de ovos em peças de museu

Os cientistas estão tentando mudar a “orientação sexual” de mariposas, a fim de impedi-las de depositar seus ovos em exposições exibidas no Museu de História Natural de Londres, na Inglaterra.


Durante quatro anos, o museu enfrenta uma infestação de mariposas domésticas comuns, que danificam as peles e penas na coleção de animais empalhadas. Colocar as amostras no congelador para matar os ovos depositados - onde são mantidos a menos – 30 °C por um mínimo de 72 horas - não resolveu o problema.

No passado, elas eram controladas com pesticidas químicos prejudiciais, mas agora eles foram proibidos. Assim, os especialistas estão tentando causar uma ‘confusão de gênero’ para encorajar o acasalamento entre mariposas do sexo masculino, entre si, de modo que não consigam acasalar com as fêmeas.

As armadilhas foram criadas contendo o feromônio feminino, atraindo mariposas machos que são cobertas por ele. Em seguida, seu próprio odor acaba atraindo outros machos.



"Os machos só vivem algumas semanas e, durante esse tempo, há apenas um pequeno período no qual eles podem se reproduzir. Se eles gastam esse tempo, inconscientemente, tentando atrair e fertilizar outras mariposas do mesmo sexo, isso reduz a prole que estamos enfrentando", disse o porta-voz do museu, Armando Mendex.

No processo induzido, mariposas macho podem ser vistas batendo as asas durante o acasalamento, mas a exemplar do mesmo sexo, claramente, não está interessada em responder à outra mariposa. A teoria é que, devido à confusão, ocorram menos acasalamentos entre machos e fêmeas, implicando em menos ovos e, em seguida, menos larvas.

Desde que o novo sistema foi introduzido eles têm visto o número de mariposas cair por quase 50%.

Fonte: DailyMail Foto: Reprodução / DailyMail

Insetos geneticamente modificados podem ajudar agricultura brasileira

Saiba como uma ONG no semiárido da Bahia USA cria insetos geneticamente modificados para melhorar a agricultura brasileira e, em breve, combater a dengue


Créditos: Latin Stock

Coloque areia no vaso das plantas, guarde as garrafas de cabeça para baixo e jogue fora a água acumulada nos pneus velhos. Você, que nem guarda pneu em casa, sabe que essas medidas são importantes para combater o Aedes aegypti, inseto transmissor do vírus da dengue. As dicas já são tão típicas do verão quanto suor e carnaval, mas as epidemias prosseguem. Em 2011, mais de 700 mil casos da doença foram notificados no Brasil. Será que não tem um jeito mais moderno de detonar essa praga? Ainda não, mas a ciência está tentando resolver esse problema, com mosquitos de DNA inglês e sotaque baiano. 

A experiência pioneira está sendo realizada pela Moscamed, fábrica de insetos transgênicos em Juazeiro, na Bahia, quase Pernambuco. Desde maio do ano passado, ela fabricou e libertou em 4 pequenas regiões mais de 10 milhões de Aedes. Soltos e solteiros, eles competem com os machos selvagens pelas fêmeas. Esses pais criados em laboratório transferem um gene fatal para a prole, que morre no estágio de larva (ver a ilustração). Com o tempo, a população do inseto diminui e pode até desaparecer. E, sem ele, adeus dengue. 

Esse método foi desenvolvido em parceria por cientistas brasileiros e ingleses — que criaram o mosquito transgênico. E até agora está dando certo. Em maio, a equipe da Moscamed constatou que a população do Aedes na área de experiência já é 75% menor do que nas áreas de controle. Analisando as larvas, os cientistas notaram que 89% delas são fluorescentes — outra mutação do inseto transgênico, criada para ser um teste de paternidade automático. “O resultado é bem promissor”, diz a bióloga da USP Margareth Capurro-Guimarães, uma das envolvidas no projeto. 


A mutação


Créditos: Luís Dourado
Créditos: Luís Dourado

A experiência do semiárido baiano começou em frias terras inglesas, na Universidade de Oxford. Foi lá que a equipe do geneticista Luke Alphey, em parceria com a empresa Oxitec, criou o animal transgênico. A ideia era adaptar a chamada “técnica do inseto estéril”, usada desde os anos 50 para o controle de moscas, para um mosquito — no caso, para o Aedes, vetor da dengue e da febre amarela. 

A turma de Oxford inseriu no mosquito 3 genes “alienígenas”. Dois deles trabalham juntos para fazer a prole do Aedes morrer na fase de larva (veja no info), e outro cria aquela fluorescência na larva. Com o bicho pronto, os cientistas precisavam saber se ele sobreviveria na natureza e se seria aceito pelas fêmeas selvagens. Para tirar essas dúvidas, era preciso testá-lo em regiões com dengue. Foi aí que entrou o Brasil — e o nome de Margareth. “Conhecia essa turma de Oxford há 12 anos, de congressos. Até que, em 2006, surgiu a ideia do projeto de campo”, diz a brasileira. Para realizar esses testes, porém, seriam necessários milhões de insetos por mês. Por aqui, só a Moscamed poderia lhes ajudar. 

A ONG da Bahia fora criada em 2003 por iniciativa de órgãos governamentais para proteger os pomares nacionais da mosca-da-fruta, também chamada de Ceratitis capitata — ou moscamed, para os íntimos. A estratégia seria replicar a técnica do inseto estéril no Vale do São Francisco, uma das principais regiões fruticultoras do país. O procedimento é um pouco diferente do empregado com o mosquito: nesse caso, moscas macho são esterilizadas com um bombardeio radioativo que impede o desenvolvimento correto de seu aparelho reprodutor. Eles competem com os selvagens pelas moscas fêmeas e copulam normalmente, mas esse encontro só produz ovos vazios. 

Pró-exportação, antiagrotóxico 

Os EUA foram o primeiro país a varrer essa praga voadora, em 1996, depois de quase duas décadas de trabalho. Chile, Patagônia argentina e Japão são outros exemplos de áreas que se livraram da mosca. Cada país que se livra dela piora a vida dos exportadores brasileiros, porque eles impõem restrições à importação de regiões contaminadas, para evitar o retorno da praga. Com a redução da quantidade de moscas gerada pelo projeto, a região do Vale do São Francisco viabilizou a exportação, só em 2010, de 160 mil toneladas de mangas e uvas, no valor de mais de US$ 240 milhões. 

De quebra, o processo beneficia o ambiente ao reduzir o uso de inseticidas. “Alguns defensivos se acumulam no organismo, causam intoxicações e até câncer”, diz Rodrigo Viana, coordenador da produção de moscas. Essa vantagem ambiental, porém, lembra outra questão: liberar milhões de animais transgênicos na natureza não causa danos? 

Não, segundo Aldo Malavasi, geneticista aposentado da USP e presidente da Moscamed. “O interessante desse sistema é que o gene liberado na natureza se extingue na geração seguinte. Ele segue para uma descendência que é eliminada na semana seguinte.” 

Ainda é cedo, no entanto, para decretar o fim das epidemias de dengue. “Ainda não se pode concluir que existe impacto sobre a transmissão da doença”, diz Margareth. Para isso, é preciso testar a técnica em mais de uma cidade e por alguns anos. Como a própria epidemia alterna temporadas mais ou menos fortes, só estudos de longo prazo podem confirmar se eventuais reduções no número de dengosos seriam causadas pela técnica, e não por outros fatores. 

“O próximo passo é partir para uma cidade de cerca de 50 mil habitantes.” As próximas vítimas serão os insetos de Jacobina, no noroeste da Bahia. Para enfrentá-los, a Moscamed recebeu do governo estadual R$ 1,1 milhão. O investimento permitiu aumentar a produção de 2 para 18 milhões de Aedes machos por mês. Vai ser um enxame e tanto. Mas quem sabe no futuro você não precise mais jogar fora a água dos pneus que nem guarda.